Eu

Não há vida...
Vivi em vão...
Lágrimas...

Na dor de uma queda encontrei o abismo.
Chorar pelo motivo certo parece impossível.

Como poderia eu, um mero humano fugir da minha própria consciência?
Como posso não sofrer ao perceber que estou em um beco sem saída, e que no pote de ouro a rancor ao no lugar do amor?

Trocaram as virtudes na minha frente e eu cego de olhos abertos não pude enxergar.

Como posso ser feliz?
Passo a crer que existem pessoas que nascem para serem felizes e pessoas que nascem para sustentar a felicidade dos outros. Como pilares de um cais do porto, a beira de mais uma tempestade.
Infelicidade talvez seja meu fardo, onde devo acomodar-me e deitar-me em um leito de espinhos para que assim me acostume a servir.

Talvez...

Não há vida no escuro...
Vivi em vão, sem perdão...
Lágrimas no escuro...

Agora sei tudo isso...
A sociedade é a maior mentira!
Morra para que eu possa ascender!

Todos os dias tento chorar para me sentir um pouco melhor, com os ombros mais leves.

Não sei sentir sem me preocupar.
Confio na dor, mas tenho medo de ser feliz.
Desconfio do amor, mas estou acostumado com a penúria.

Vivi para servir, e servir para sofrer.

Eu lavei minhas virtudes com lagrimas, trevas, frio, solidão e chuva.

Procurei a verdade e continuarei a procurar.
Aquele que vive da verdade tem nela um abrigo e uma arma!
Aquele que vive da mentira tem nela um punhal entregue ao seu pior inimigo.

Hoje ter bondade é loucura.
Honra é ser traído.
Gloria é apunhalar o próximo.
Não quero essas virtudes!


Em fim cercado de sombras envolto em meu destino.