domingo, 29 de maio de 2016

In-perfeição

Em compasso com o descaso caminha o flagelo.

Em apego ao afago se deteriora o sincero.
Em conduta deflagrada se estingue a donzela.
Em discrepância com seus sentimentos se atira as mazelas.

Concorrente de si mesmo é aquele que sonha em vencer seus sentimentos.
Incrédulo da felicidade é aquele que põe suas realizações profissionais a cima do amor.
Contemporâneo e inovador.

Categoricamente egoísta, quem nunca?

Metade do que somos é uma mentira contada a nós mesmos, por nós mesmos, na tentativa desesperada de se enquadrar em algo que não somos.
A outra metade do que somos esta escondida no amago de nossos seres, no medo mais profundo de que o pouco que sobrou do que realmente somos seja também corrompido.

Sendo assim, então quem somos?
Talvez um apanhado de concessões que fazemos dia a dia para tentar conviver, ou um apanhado ainda maior de submissão ou imposição na tentativa de mantermos como somos.
Em uma cultura onde a diversidade de ideologias e de formas só é aceita de forma hipócrita, somos aceitos ou tolerados?

Então o que justifica seus atos?
Quantos você pisou e ainda vai pisar para "subir"  na vida?
Quantos você vai fingir amar pra perceber que essa não é a saída?

Na tentativa de fingir ser forte a maioria decide seguir a correnteza ao tentar a própria sorte.
E assim no dia a dia nos apagamos, passamos a primeira metade de nossas vidas nos escrevendo, tornando-nos o que somos, e a segunda metade, nos apagando, nos ofuscando cansados de lutar pelo que verdadeiramente amamos.

E onde está o pecado se a virtude do século é o descaso?
Onde esta a rebeldia, se a atitude do século é cuidar da própria vida?
Onde está o amor próprio se você é só o que sobrou do que não pode mostrar aos outros?

Será que somos?
Será que seremos?

Tudo seria perfeito se fosse feito do próprio jeito, mas sempre optamos pela versão dos outros.

Então talvez esteja tudo bem, pois quando vierem as falhas poderemos por a culpa em todo o resto, menos em nós mesmos, pois nós não somos mais nada.

                                                          Rafhael de Oliveira Silva Salles.

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