Rente ao Chão
"Feliz" aniversário.
Profético, pragmático, catabólico.
Uma data qualquer, que causa mais dor do que as outras, um ano depois, um passo para trás, um para frente, e muitos outros que deixaram de ser dados, pois não há ânimo para isso.
Um fardo poente, um sol ascendente, uma luta frequente, uma vitória ausente.
É sempre foi assim, sempre foi fadado aos que pensão de mais, criticar de mais, questionar de mais, e se apegar somente a um certo padrão, e por isso se auto-excluem da felicidade.
Deliberadamente estou onde estou, e faço da abnegação um cotidiano, assim como a superação em todo o resto que me permite.
Deliberadamente me escondo de mim mesmo, fingindo ser menos sentimental do que realmente sou, fingindo o tempo todo que dentro de mim só há eu.
Especulo sobre a felicidade com base no que vivi, como se fosse suficiente para narrar todas as outras possibilidades, e assim julga-las insuficientes, com a desculpa padrão de que todas as outras têm o mesmo defeito "elas não são você".
E com o tempo percebe-se que eu me esforço para ser verdadeiro e não mentir para ninguém, e acabo com isso, mentindo para mim mesmo.
Sendo eu o Rei de meu mundo, fui tirado do meu trono por alguém que nem si quer está mais nele.
Ainda assim mantenho-me fora dele, fora das rédias de minha própria vida, como um barco que espera a deriva, mas não totalmente abandonado.
Oque torna minhas mentiras contadas pra mim mesmo mais engraçadas.
Treino, malho, trabalho, estudo, me arrumo, e nada disso é pra mim.
Isso não é uma forma de amor próprio, ou vaidade.
E quando paro para perceber, eu estou instintivamente mantendo "a casa" arrumada para quando você voltar.
Quase uma obra vitoriana, de um humor gótico, "o homem que se arruma e se prepara para alguém que jamais voltará".
Estrelando... Eu.
Como passatempo e forma de fugir deste cotidiano estagnado, me ponho a planejar como ajudar aos que ainda estão ao meu lado, como uma forma de fugir da estigma de pensar em você mais do penso em mim.
Concreto e discreto, guardo pra mim tudo que penso, exponho aqui como um desabafo... como sempre, mas na vida lá fora me mantenho inabalável, sorrindo, forte, e inquebrável.
Mas hoje é o dia, aquele único dia do ano que me reservo a me isolar e deixar a dor se externizar, as magoas aparecerem para fora de minha epiderme, em forma de letras, cara triste, talvez lágrimas, hoje é um dia para mim, e dedico quase que totalmente à você.
E eu tento esquecer, tento fingir que não existe, ou que já superei, ou que há algo melhor, mas "quando a gente tenta de todas maneiras dele se guardar, sentimento ilhado, morto e amordaçado volta a incomodar."
Reza a lenda que tudo na vida tem um tempo e um limite. To esperando.
Pra você dei algo que nem sabia que eu tinha, e que não sabia que não podia viver sem.
Que haja.
0 comentários:
Postar um comentário