sábado, 12 de dezembro de 2015

Repetição sem fim.


15 repetições para três tipos de flexões de braços, 100 abdominais, 200 agachamentos, repita o processo três vezes.

Dor muscular, exaustão, mas a mente continua perguntando a mesma coisa.

Sobrevoa o romântico sobre o vale da sensatez, um breve voo, sem escalas e de volta para a loucura.
Caminha o errante amante na terra da ternura, mas sem ser de sua amada, não representa a conduta.
Passeia o turista pelo vale da felicidade, mas é um local xenofóbico e sendo ele de fora só causa alarde.
Então é natal, e antes disso haviam três datas mais importantes.
Nasce antes A amada, consuma-se o  namoro perfeito e pragmático, consuma-se na véspera de natal o amor sem questionamento.

E em casa o viajante romântico volta-se as suas filosofias e pensamentos.

Será mesmo que ao envelhecer nos tornamos realmente maduros? Ou nos tornamos apenas mais  suscetíveis ao que nos é inconveniente?
Será mesmo que toda aquela garra e vontade de lutar que uma criança tem é errada? é desespero ou afobação?
A idade vai chegando e vamos pondo prioridades em nossas vidas: trabalho, carreira, estudo.
Tudo isso na ideia de criar um cenário sustentável, mas para que?
No processo de nos tornarmos autossuficientes abdicamos do amor, dos amigos, das boas lembranças.
Estamos de parabéns, todos nós, ao cansar de nadar e fingirmos sermos peixes.
Todos os dias repetindo para si que esse é o caminho certo e que não se pode ir contra a correnteza, ao mesmo tempo que constatamos diariamente que essa rotina não é o nosso lugar.
E como já é bem claro, não somos peixes, e não vamos aguentar essa correnteza pra sempre, e é nessa hora que precisaremos de uma transformação.

Ou um amor que nos crie asas e forças para sair deste lugar que não nos pertence.
Ou nos transformamos em um parasita, apegando-se desesperadamente a cada resto de folego e felicidade que essa vida de peixe raramente nos da.
Rezando todos os dias para que haja folego e paciência, na esperança de que todos esses peixes estejam nadando em direção à uma ilha.
E quando se percebe você nem lembra mais como  é ser feliz de verdade,

Não sei ao certo se sou radical de mais, ou se sou sonhador de mais, ou se sou romântico de mais, ou se eu a amo de mais, mas sei que em todo caso, sou o que sou.
Não pretendo me tornar um peixe, não quero apagar minha essência, não quero negar minhas lembranças, nem cultivar a displicência.

Entrevado no quarto da memória, passo os dias com imagens aleatórias.
Sempre da mesma pessoa, recontando as mesmas histórias.
Que tipo de lugar é esse? Um memorial, um templo, uma sala de tortura, uma abrigo da chuva?
A decoração é linda,  as paredes cheias de memórias, seu sorriso quando eu fazia alguma brincadeira, seu rosto corado quando te fazia pagar mico, seus olhos atentos quando eu lhe fazia alguma surpresa, sua feição de orgulho contido quando eu transparecia ciumes... tantas molduras, tantos atos, tantas cenas, e eu me pego preso à um paradoxo.

Sei o tipo raro de otário que sou, o tipo apaixonado a moda antiga. Já devia estar instinto, e os motivos dessa intinção já estão bem claros, mas contra todas as expectativas eu ainda estou aqui.

Lembro que cantava muito essa musica no começo "nunca vi chorra tanto por alguém que não te quis", irônico é eu continuar chorando, continuar amando, e continuar desejando.

E nesse paradoxo de ser super emocional e super racional, eu continuo amando, querendo esquecer, querendo lutar, querendo correr (para os braços, ou para longe).

Que falta faz um SIM.


Rafhael de Oliveira Silva Salles.

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